Comentário JCEM 2008: Hiperaldosteronismo Primário
O artigo publicado no JCEM 2008 fornece uma ampla atualização e direcionamento clínico a cerca do tema Hiperaldosteronismo Primário (HP) dando ênfase para a importância do reconhecimento e caracterização dos grupos específicos de risco (hipertensos resistentes, hipertensos estágio 2 e 3 pelo critério do Sixth Joint National Commission, hipertensos com incidentalomas, AVC em jovens).
No diagnóstico foram ressaltados a relação aldosterona / renina, a utilidade e o protocolo dos quatro testes confirmatórios, a importância do cateterismo de veias adrenais e as drogas que potencialmente interferem nas dosagens hormonais. Estas questões foram avaliadas e discutidas uma a uma, baseadas nas evidencias científicas disponíveis.
Para as recomendações terapêuticas, foram levadas em consideração as diferentes etiologias do HP (adenoma, hiperplasia unilateral, hiperplasia bilateral e aldosteronismo remediável por glicocorticóides-GRA) e a existência de indicação cirúrgica ou não.
Resumo das recomendações:
1 – Pacientes com relação aldosterona/ renina positiva deverão ter o diagnóstico confirmado através da realização de um dos quatro testes abaixo:
- Sobrecarga oral de sódio
- SIT teste
- Teste com fludrocortisona
- Teste com captopril
2 – Todos os pacientes com confirmação diagnóstica hormonal de HP devem realizar tomografia abdominal de adrenais para excluir a presença de câncer adrenocortical.
3- A distinção entre doença unilateral (adenoma) ou bilateral (hiperaldosteronismo idiopático ou hiperplasia adrenal bilateral) deverá ser feita por cateterismo de veias adrenais (CVA), quando da existência de um radiologista intervencionista experiente. A dosagem de cortisol na veia adrenal e na periferia (3:1) se faz necessário para confirmar a cateterização adequada.
4 – Quando o CVA não for possível:
- Repetir o procedimento
- Tratar o paciente com antagonista do receptor de mineralocorticóide (ARM)
- Considerar cirurgia baseado nos achados de exames de imagem
- Estudos adicionais poderão ser utilizados na distinção entre a doença nodular e a hiperplasia adrenal utilizando-se: teste da postura, cintilografia com iodocolesterol, 18- hidroxicorticosterona sérica.
5 – Recomenda-se cirurgia laparoscópica para retirada de adenoma unilateral documentado através de CVA.
6 – Paciente sem condições cirúrgicas e/ou com recusa ao procedimento, utilizar antagonista do receptor de mineralocorticóide (ARM).
7 – Na presença de doença bilateral a recomendação é a utilização de ARM, espironolactona como 1o agente e eplerone (Inspra®) como alternativa.
8 – Nos casos de GRA, baixas doses de glicocorticoides levam a normalização da pressão arterial e das concentrações plasmáticas de K +. Recomenda-se utilizar glicocorticoide de longa ação, dexametasona ou prednisona, visando a supressão do ACTH.
9 – Para a coleta e interpretação correta da relação aldosterona/renina deverão ser utilizadas medicações que apresentam mínimo efeito nas concentrações plasmáticas da aldosterona. As opções serão: hidralazina, verapamil SR, prazosina, doxazosina e o terazosina.
10 – Pacientes com HP confirmado antes dos 20 anos, com história familiar positiva ou história de AVC <40 anos deverão realizar teste genético devido a possibilidade de GRA.
Boa Leitura!
Ana Rosa Quidute
Comissão de Valorização de Novas Lideranças
Departamento de Adrenal/ SBEM
Escrito por admin em julho 27th, 2009 :: Arquivado em Hiperaldosteronismo
Tags :: endocrinologia, Hiperaldosteronismo